Um novo dia rumo ao desconhecido


Hoje, com a entrega do orçamento de estado para 2012, e com o discurso hipnotizador do "nosso" ministro das Finanças, foi dada a sentença relativa a cerca de 30 anos em que o país cresceu alguma coisa, em que progrediu, em que abandonou um pouco aquele espírito de décadas de ditadura. Agora a ordem é andar para trás. É um pouco estranho ver que as coisas assim aconteçam, mas como dizia um comentador, a verdade é que a maioria dos portugueses assim escrutinou nas urnas... neste momento gostaria de me estar a gabar de ter feito outra opção eleitoral, mas não me serve de nada, independentemente das nossas escolhas todos vamos sofrer.
É verdade que há pessoas que não se souberam governar, que também elas gastaram mais do que aquilo que suportariam. No entanto existem outros, que talvez se venham a revelar como a grande maioria, que fizeram os seus gastos com alguma ponderação, e que mensalmente o que ganhavam era mais do que suficiente para as despesas que tinham. O problema neste momento não é só o facto de irmos todos auferir menos rendimentos, vamos todos pagar uma enormidade mais de impostos... isto se tivermos viabilidade individual para o fazermos, porque poderemos todos abrir falência e aí onde vai o sr ultra liberal Coelho buscar o dinheiro? 
Lembro-me de há uns anos atrás me terem aconselhado a re-negociar o empréstimo da casa com o Banco, que poderia ter um melhor spread, aumentar o número de anos de pagamento... na altura foi o que fiz, não que estivesse numa situação de aparto, mas porque me pareceu mais sensato. Agora este país corre o risco de não poder pagar e em vez de ir falar com os credores e expor que não há condições para ser assim, que ou alteram as condições ou irão então perder o que investiram... não me parece que entre receber mais tarde, mas receber tudo, ou talvez não receber agora... talvez se conseguisse uma formula mais adequada ao país.
Ocorreu-me agora, e talvez até seja uma boa medida esta do governo, afundar o país, de modo que nesse momento todos perdoam a dívida, e aí recomeçar do zero. Teremos então cerca de 5milhões de habitantes, e a expectativa que os outros 5milhões que emigraram nos enviem remessas de dinheiro.
Não tenho participado nos movimentos de indignados, mas neste momento considero-me um deles, e ao contrário do que os partidários dos partidos, apoiantes do regime actual (não em especial em Portugal, mas um pouco por todo o mundo) acho que estes movimentos devem continuar, e se possível aumentar, mas não ficando por aqui, pois os participantes nestas manifestações terão todas as hipóteses de quando houver eleições de demonstrar que os seus 99% dos votos podem ir no sentido de mudar o destino, retirando o poder a todos os que governaram este tempo todo, fizerem isto tudo e continuam impunes. As mudanças têm que partir de todos nós, e pior que a mudança é o medo da mudança.


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