PR2 AGN Percurso Pedestre Os Povos das Ribeiras de Piodam
Este percurso encontra-se repartido entre o PR2 e PR2.1,
sendo que até agora o que tinha tido oportunidade de realizar dizia respeito à
parte que vem de Piódão a Foz de Égua, e retorno pela outra margem da ribeira do
Piódão. Sem dúvida que é um percurso fantástico, com trilhos excelentes, muito
bem mantidos, e com o Xisto sempre presente.
Agora, o objetivo passa por ver algumas paisagens diferentes
daquelas que eram habituais, sem deixar de passar por parte do percurso que
liga Piódão a Foz de Égua. Tinha já tido relatos e visto imagens da passagem de
Chãs de Égua para Foz de Égua, onde o percurso é também ele realizado em parte
junto a ribeira.
Assim, saindo do Piódão, o caminho foi em direção a Chãs de
Égua. Aqui não vamos tento a descer, de facto, perto de Chãs de Égua temos de
subir um bocadinho, uma vez que aqui se encontra o ponto de maior elevação do
percurso.
Acabou por ser uma muito agradável surpresa, pois conhecendo
os outros caminhos, sempre pensei que estes não eram tão relevantes, mas puro
engano.
Até à aldeia de Chãs de Égua não há muito a relatar, pois,
para além de caminhos ancestrais, que ligavam as duas aldeias, o que temos são
alguns locais por onde temos pequenos cursos de água (no inverno) a vir da
montanha, ou zonas de “túneis” formados por árvores que cobrem toda a passagem,
mas com uma boa e limpa passagem, o que é extremamente útil para nos dar sombra
nos meses de maior calor. Mais à frente podemos então ver Foz de Égua, agora
bem lá em baixo, com umas vistas fantásticas.
A partir daqui é para a direita e subir… Uma parte do
percurso é feito por estrada, estrada essa que liga Chãs de Égua a Pés
Escaldados, mas como se trata de uma estrada sem continuidade, o percurso é
feito sem que tenhamos de nos preocupar muito com os veículos automóveis.
A chegada a Chãs de égua é feita pela parte inferior da
aldeia, mas subimos até ao centro, percorrendo as estreitas ruas, onde não
passam veículos automóveis, até um largo, onde temos uma vista fantástica deste
local. A aldeia é mais pequena que o Piódão, mas não deixa de ser um local
único e muito interessante.
Saindo de Chãs de Égua vamos descendo até encontrarmos a
ponte que nos permite a passagem para o outro lado da ribeira, e aqui temos
ainda vista para um velho moinho, onde ao lado corre a água a grande
velocidade, por entre as pedras.
Percorrem-se mais uns caminhos até chegarmos a um pequeno
casario, Eira, e passamos por entre as casas, descendo, depois por entre os
socalcos, até encontrarmos uma cancela que parece limitar o acesso a uma
pequena ponte, mas o percurso é mesmo por aqui, pelo que devemos desviar a
cancela, e seguir para o outro lado da ribeira.
Agora vamos acompanhando o curso da água, apenas através do
som da água a descer por entre as pedras, porque a vegetação não permite uma
visão mais próxima do curso de água.
Continuando o percurso chegamos a outra zona de socalcos,
mas aqui é necessário subir utilizando a escadaria de xisto, que vai
percorrendo estes mesmos terrenos, conquistados às montanhas, e que em tempos
serviram de sustento aos habitantes do pequeno casario que aqui se encontra. Os
habitantes não serão muitos, mas nota-se que não está totalmente abandonada esta
pequena povoação.
Segue-se uma descida, até que começamos a avistar um
cruzamento entre 2 ribeiras, e duas pontes que permitem a ligação entre as
margens das mesmas.
A partir daqui todo o percurso é feito por carreiros, em
zonas de arvoredo, onde pouco mais se pode observar do que o caminho que se
percorre, mas sempre sem dificuldade. Até que se começa a avistar a já familiar
povoação de Foz de Égua, desta vez com uma abordagem vindo de cima, em que o
primeiro impacto é a ponte suspensa, agora interdita, mas que continua a ser um
dos pontos de referência.
Temos agora a possibilidade de optar por 2 caminhos para
chegar ao Piódão, pela esquerda ou pela direita da ribeira do Piódão. O PR2
indica que o percurso completo será pelo lado direito, mas dada a dificuldade
do percurso já efetuado, poderá optar-se por um caminho mais tranquilo (sem a
grande subido inicial da outra margem do rio), utilizando o PR2.1.
Uma breve descrição institucional do percurso
Há muitos séculos que as verdes pastagens da Serra do Açor
atraíam grupos de pastores que aí levavam os seus rebanhos. Diz-se mesmo que esses
pastores seriam os Lusitanos, hábeis criadores de cavalos que povoavam os
Montes Hermínios (Serra da Estrela). Ao longo dos tempos as populações foram
criando condições para a sua subsistência, conquistando à Serra cada pequena
leira cultivada em socalcos. A agricultura, pastorícia e a apicultura
constituíram assim as principais atividades destas populações. Pelo alto da
Serra do Açor, passava a antiga estrada real que ligava Coimbra à Covilhã por
onde circulavam caravanas de carros de bois que traziam do litoral o peixe e o
sal para levarem no regresso a carne, o queijo, os lanifícios e até gelo, das
terras do interior. Por ali passavam mercadores e pastores e até salteadores.
Diz-se também que terão sido os ataques dos salteadores que incentivaram a união
dos solitários pastores, espalhados por aquelas agrestes penedias onde criavam
éguas, cavalos, ovelhas e cabras.
Arte Rupestre
A arte rupestre de Chãs de Égua enquadra-se entre o período
do Neolítico e o Bronze Final e o Bronze Final e da 1ª Idade do Ferro. As
rochas gravadas estavam, nessa altura, ligadas a comportamentos ritualizados
que associavam os códigos figurativos ao domínio de um território específico. A
arte rupestre encontrada é essencialmente do tipo esquemático, como
antropomorfos, serpentiformes, podomorfos, equídeos, espirais e figuras
geométricas, entre outros. Neste território foram já descobertas 100 rochas
gravadas e constituem a mais importante concentração de arte rupestre conhecida
até ao momento no território que estende entre o Tejo e o Baixo Côa. Tal facto
foi determinante para a instalação de um Centro Interpretativo de Arte Rupestre
em Chãs de Égua.
Pontos de interesse:
Penedos Altos
Arquitetura Tradicional
Gastronomia
Fauna e Flora
Época aconselhada:
Todo o ano. Atenção ao calor no verão e ao piso escorregadio
no inverno.
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