O(s) dia(s) seguinte(s)
Dias
depois de um resultado eleitoral, com os pensamentos mais assentes, e sem a
ideias que vêm de uma análise mais a quente dos resultados, é impossível
compreender a forma como o povo de Portugal vive, e acima de tudo expressa, ou pior
ainda, tem uma opinião.
Para
além daqueles que, com fundamento, lamentam o sucedido com estes resultados
antagónicos, com a realidade vivida e atual, e daqueles que, por convicção (que
é um motivo mais do que válido para qualquer decisão / análise / debate), por
conveniência (e neste caso qualquer que fosse o vencedor, existiriam sempre
quem tivesse algo a ganhar), estão de
acordo e festejam a vitória dos vencedores, o que é mais lamentável, na minha
opinião, é a falta de capacidade para, por suas ideais próprias, com base em
factos reais e vividos no dia-a-dia, se analise a melhor forma de governação
para um país.
É
difícil nos dias atuais ter grandes convicções, uma vez que as mesmas quando
são extremas, e não apoiadas pelo capitalismo financiador de tudo o que possa
resultar em lucro, recolha de dividendos, capital investido multiplicado por…
não tem qualquer hipótese de vingar.
Não
será simples encontrar um ponto comum nas diferentes forças com os resultados
alcançados, especialmente porque os olhares, bem como os afinados discursos dos
vencedores, passa por desde já culpar todos os que se encontram do outro lado
por eventuais falhanços que possam vir a ter. Ou seja, eu não preciso de fazer
conceções, preciso apenas que me deem um motivo para vos culpar pelos meus
falhanços. E diga-se que neste país esta é uma excelente opção, pois resulta,
uma vez que as meias verdades, ditas ao extremo, conseguem ainda hoje, quase 5
anos após a mudança de direção politica, justificar todos os males do país,
mesmo aqueles que ocorreram em fase posterior…
Existem
muitos que conseguem ter uma opinião formada, nem sempre isenta, pois as
variáveis, quer das condições sociais, da educação, da capacidade para estar
recetivo às opiniões, mesmo que numa primeira fase pareçam não fazer sentido, é
algo que é muito limitado. O que parece ser mais comum, e neste período
pré-eleitoral tal fez-se sentir, o que realmente fica são meia dúzia de frases,
sempre as mesmas, pré-concebidas, mas que ficam na mente da maior parte dos recetores
e que as tomam como verdades inquestionáveis, mesmo que até há poucos dias se
queixassem de todos os males do mundo.
A
tarefa de criar um governo, nestas circunstâncias não será fácil. Dum lado, dos
ditos vencedores, que recorreram / recorrem a todos os estratagemas para
conseguir legitimidade para as suas decisões, que não lhes foi dada pelos
votos, de onde se ouve:
“Quem
ganha tem legitimidade para governar”
“O
povo não iria entender que um partido com 10% dos votos governasse contra 90%”
(dito por um dirigente de um outro partido, que provavelmente, sozinho, não
tinha sequer este valor eleitoral)
…
Tudo
isto é certo, mas é apenas meio certo. Se quem ganha tem legitimidade para
governar, se não conseguiu a maioria absoluta terá de procurar entender-se com
quem lhe possa dar estabilidade, e isso implica cedências e abandonar o
autoritarismo das decisões sem olhar a nada.
Por
outro lado, existe mais de 60% da população que não quer continuar neste
caminho, e não estamos a contabilizar os ausentes, porque esses terão que viver
com todos os males (venham de que lado vierem), sem que se tenham manifestado
ou dito qualquer coisa em tempo útil.
Resta
alguma esperança no bom senso, mas para quem já está farto de campanhas
eleitorais sem qualquer sentido, sem programas eleitorais, sem personagens
credíveis, não me parece boa ideia começar já uma nova campanha de vários meses
até o derrube do governo e consequentes eleições.
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