Freestyle

Um pouco fora do âmbito das caminhadas, que fazem parte essencial das partilhas aqui efetuadas, e que são, há vários anos, um dos hobbies que me tem permitido descobrir novos locais, e viver novas aventuras, agora estas linhas serão um pouco de reflexão e talvez breve análise sobre algumas alterações que existiram a nível pessoal, quando em 2002, nesta altura do ano, me foi diagnosticado diabetes.
É algo que não é fácil de aceitar, mas mais difícil, pessoalmente, é ainda conseguir controlar todos os fatores inerentes à doença, que são limitativos, e que impedem a realização de uma vida “normal”, e aqui o normal é mais no sentido de que passam a existir cuidados e preocupações, bem como algumas limitações, para as quais não estávamos preparados.
Também não é o fim do mundo, e nós temos uma grande capacidade para nos irmos adaptando, e encontrando formas de ultrapassar as limitações. No entanto, apesar dos primeiros tempos terem sido de adaptação, de ter de viver com picadas diárias (4 no mínimo), para poder saber qual o nível de glicémia no sangue, e assim fazer a escolha mais acertada quanto à quantidade de insulina a tomar, após uma refeição, para a qual é também necessário saber o valor calórico da mesma… são muitas variáveis para a qual ainda, e após tantos anos, não existe uma calibração cerebral correta.
Durante os últimos 14 dias tive a oportunidade de não picar os dedos pela primeira vez nestes últimos 15 anos, e só por isso foi uma experiência fantásticas. Estive a utilizar o primeiro sensor do aparelho Freestyle Libre, que permite a monitorização em permanência, através de um sensor que é inserido no braço, e leituras efetuadas por NFC.
Agora é possível em qualquer momento, sem ter de efetuar tarefas adicionais, bastando aproximar o medidor do sensor, e logo temos a indicação do valor da glicose, e ainda, o mais interessante, da tendência da mesma, quer seja para se manter, quer seja para subir / descer de forma mais lenta ou mais rápida.
Como o meu objetivo é tentar manter os valores dentro da linha pré-estabelecida, por diversas vezes são tomadas decisões, quer na administração de insulina, quer na ingestão de alimentos, mas o período em causa não foi suficiente para deixar os maus hábitos adquiridos ao longo de vários anos, que faz com que exista uma grande oscilação entre os valores de glicémia, com algumas hiperglicemias ou hipoglicémias… muito mais do que as desejáveis.
A administração de insulina é feita manualmente, com a de ação rápida às refeições e tentando acompanhar o que é ingerido (e aqui existe uma grande falha pessoal, talvez a maior no controlo de todos os fatores que me afetam nesta doença) e a lenta no final do dia, tentando regular as necessidades de insulina extra refeição.
Estes primeiros 14 dias foram interessantes, o resultado não foi um gráfico com uma linha dentro dos limites, foi antes um conjunto com algumas oscilações, embora exista a tendência para se ir enquadrando cada vez melhor os valores da glicémia, mas não me parece que seja possível ter uma estabilidade de uma linha sempre “perfeita”…

Como não se trata de um produto barato, o mesmo terá de ser utilizado com alguma prudência, mas creio que é uma das melhores novidades que tive oportunidade de experimentar no âmbito desta doença nos últimos 15 anos.

Alguns gráficos do que se passou em 14 dias:











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