Uma viagem a leste


As histórias e eventos que vão ocorrendo por todo o lado não são de todo o ponto mais feliz e encantador da humanidade, e é um facto que por vezes damos mais relevância àquilo que de menos bom vai sucedendo, que isso nos afete diretamente ou não.
O ignorar aquilo que vai sendo vivido à nossa volta não é uma solução para que os problemas deixem de existir, ou para que as soluções venham milagrosamente ao nosso encontro. Também a mudança não se alcança, mesmo com todo o empenho do mundo, através das intensões e ações de uma só pessoa, ou de um pequeno grupo. Não deixando as preocupações atuais, sejam elas do nosso Portugal, empobrecido, envelhecido, sem forças, sem vontade de tomar rumos que honrem a história de mais de 800 anos, resta tentar contribuir com pequenas ações para que tudo seja diferente, e se assim não for, que a consciência fique tranquila.
Abandonando o pequeno retângulo, situado no canto mais a oeste desta envelhecida Europa, composta por vários estados, unidos nos tratados, mas cada um forçando a melhoria própria, criando condições de pobreza para o vizinho do lado em benefício de elites, cada vez mais elitistas.
É bom rumar a leste, ver que a ruralidade, com tradições, ainda está presente nestes povos. Aqui o que é tradicional ainda se vai mantendo, ainda vai resistindo, sendo no entanto integrado com todas as modernidades do mundo atual (por exemplo, não houve um hotel / estalagem onde não tivéssemos disponível, grátis, redes wireless… algo impensável nos nossos “mais desenvolvidos” países, onde tudo se cobra…).

Bucovina, foi uma agradável surpresa, ver que esta zona, por vezes apelidada como uma das mais pobres do país, é surpreendentemente encantadora. As casas são todas bem cuidadas, embora na sua maioria construídas utilizando a madeira, uma matéria prima muito abundante na zona, mas sempre decoradas com muito orgulho, nunca faltando um jardim cheio de flores, muitas rosas floridas, que dão um encanto muito especial a cada local por onde passamos.

Depois temos Suceava, uma cidade já com uma dimensão assinalável, com uma fortaleza no topo de um monte, em que os seus ocupantes, no passado, tinham uma vista privilegiada, podendo defender-se da melhor forma, dos diversos povos que por aqui iam passando.

Os mosteiros ortodoxos são um dos pontos mais importantes, sendo que uma grande parte constitui já parte do património da Unesco, sendo esta uma garantia de preservação e recuperação. Não é uma tarefa fácil a manutenção destes monumentos, não pela sua dimensão, porque comparativamente não são grandes, mas pelas pinturas que os mesmos contém, tanto no interior (muito comum nas igrejas ortodoxas), mas também no exterior, e aqui é a principal diferença.

Existe também um comboio a vapor, que nos permite fazer uma pequena viagem no tempo, por um percurso simples, de 12 Km em ambos os sentidos. A beleza das paisagens deve-se ao verde que nos acompanha ao longo do percurso, sendo que não existem por aqui desfiladeiros, nem grandes pontes, é um caminho simples, que vale pela vivência, pela emoção de viver um bocadinho do passado, mas não pela emoção de grandes aventuras e de grandes perigos.


Uma zona cheia de tradição, de paisagens fantásticas, de grandes monumentos, que vale a pena pensar em visitar, porque há sempre muito a ganhar.


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