Uma visão pessoal dos nossos dias
Estando o nosso país, e todos nós inundados de frases que
nos dão uma perceção difusa da realidade, dediquei um pouco do meu tempo a
fazer umas contas, simples, sem precisão ao cêntimo, mas com a especificidade
de que não está distinta da realidade, pois baseia-se em números concretos.
Assim, e pegando nos rendimentos do trabalho de um
funcionário público, aqueles “malandros”, que nos andam a roubar, a gastar os
nossos impostos (quando nós, privados, donos de grandes fortunas, os pagamos...
– referia-se que estes privados, aqui referidos, são aqueles que não sofrem com
a crise, porque os restantes, aqueles que realmente sofrem, esses têm outras e
mais reais preocupações), com um salário de 1000€ brutos mensais, casado e com
2 filhos.
Estes pressupostos são importantes, porque os descontos
mensais para o IRS variam de acordo com o rendimento e agregado familiar.
O objetivo é só mesmo e ver, em termos líquidos, quanto é
que se perdeu em rendimento nos últimos anos, analisando o valor disponível
(após impostos - sim, porque para estas pessoas não há fuga possível) por cada
hora de trabalho.
O gráfico acima mostra que em 2010, por 1000€ brutos
mensais, o trabalhador ficava com 6.7€ por cada hora de trabalho. Em 2014,
pelos mesmos 1000€ brutos mensais, o trabalhador pode governar a sua vida com
5.29€
A conclusão é, diria, no mínimo dramática, porque é uma
redução superior a 20% desde que o atual governo tomou posse.
Em termos de percentagem isto corresponde a diminuição total
muito grande, mas se a isto tudo somarmos o aumento do custo de vida, em muito
causado por:
- aumento de impostos (IMI, IVA, etc)
- aumento de bens essenciais (Luz, gas, água, etc)
- aumento do custo da saúde (enorme)
- aumento dos custos do ensino (com o objetivo de criar uma
classe social com a exclusividade no acesso a qualificações superiores –
objetivo declarado por alguns políticos – já não se trata de uma visão
alarmista de um futuro sombrio)
O rendimento disponível é muito inferior, ou seja a perda é
enorme, o que vai levar a que quem trabalha, tenha até um rendimento superior
ao salário mínimo, se veja maniatado e preso, sem capacidade real de cumprir
com todas as suas obrigações.
Em termos de tempo disponível por parte das famílias para
poderem dar o acompanhamento necessário aos seus filhos também houve uma
diminuição drástica, com perdas para todos, maiores encargos com atividades que
permitam manter as crianças ocupadas nas escolas, porque o estado não se
encarrega de aumentar a cobertura das escolas na proporção dos horários que
aumentou aos pais. E num dano grave para as crianças, que ficam privados dos
pais por mais horas, sem possibilidade de um melhor acompanhamento.
Creio que todos nós tentaríamos aceitar estes sacrifícios,
mas era necessário que fossem repartidos de forma igual por todos, e não apenas
por uma franja limitada da população. O que me deixa completamente esmagado,
passa por ver que no séc. XXI temos um conjunto de população, que em número constitui
a maioria e que é aquela que contribui para eleger os seus governantes, no
entanto acaba sempre por eleger aqueles que contribuem para uma degradação
direta e propositada da sua qualidade de vida.
O país não está todo falido, existem algumas exceções, que
vão florindo com esta crise, e há que elogiar a forma com que o atual governo
tem vindo a dividir o país, com o seu conjunto de "fazedores" de
ideias, erradas, e repletas de mentira, mas que com aquele tom irónico de quem
tudo sabe, vão espalhando a certeza do caminho único e redentor. É obvio que
para todos eles assim é, porque se tivessem de produzir com as suas próprias
mãos a comida que necessitam para viver, certamente que estávamos bem neste
momento…
Porque é que a maioria das empresas, e não me refiro aos
trabalhadores, porque esses estão sempre no final da linha, e são sempre os
primeiros sacrificados, mas porque é que a EDP continua com lucros tão
abundantes? Quando o país está em crise...
Porque é que existe um défice tarifário se a empresa
continua a dar lucros enormes?
Sendo menos informado, nas minhas finanças pessoais só
existirá défice se eu gastar mais do que aquilo que recebo, se for o inverso
não há deficit... Inventem nomes, palavrões, metáforas, que nós acabamos por
acreditar em tudo.
Porque é que eu tenho de descontar um valor enorme para
pagamento de reformas, as quais não me serão pagas NUNCA? Claro que não estou
contra quem recebe as reformas que tem direito, que fez os descontos para elas,
mas estou contra:
- Quem recebe sem ter feito os devidos descontos (Jackpots
sem jogar no euro milhões). Não é Sra Presidente da Assembleia da República? Já
fez as contas ao que descontou e ao que está receber de reforma?
- E que se andou a fazer com os fundos de pensões? (não
havia algo assim na segurança social???) Valorizaram, desvalorizaram... Perderam
dinheiro? Jogaram com eles? E então, quem é o responsável que vai pagar de
volta?
Olhando para os congressos, para as caras sorridentes dos
nossos governantes, com este mudar de rumo na economia, que agora começa o
caminho ascendente, mas ascendente para quem? A maioria da população não vai
sentir nada disto, antes pelo contrário? Onde é que está o nosso sentido
patriótico, de lutar por um país melhor? Quem me dera vislumbrar um, bastava
um, dirigente assumidamente preocupado com os seus, com o seu país… mas não,
temos antes um grupo de amigos que vai zelando pelos seus… talvez fosse bom
arranjarmos todos uns cartões laranja, rosa e de outras cores associadas à
governação, e aí talvez tivéssemos um futuro mais brilhante.
É pena, mas será que não vemos o que está mal? Há eleições,
e que tal mudar isto tudo? (não sei para quê, mas também não tenho medo de
qualquer mudança, seja ela qual for, porque estes “bonzinhos” já demonstraram
que de só são bons para eles próprios).
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