O que se passa
A cada dia que passa a incerteza é maior.
Lembro-me de há uns tempos atrás, talvez há quase 2 anos, quando começamos com
este governo, que os meus pensamentos não eram muito positivos no que respeita
aos desenvolvimentos futuros. Passado este tempo, o que me apraze dizer é que
na realidade nunca pensei que as coisas chegassem a um ponto tão mau, tão
negativo, e sem qualquer tipo de perspectivas quanto ao futuro, seja ele qual
for.
É óbvio que a situação em que este país, e
muitos outros, se encontram, não é a mais favorável. Mas o que mais me perturba
corresponde ao facto daqueles que deveriam estar a trabalhar na estratégia para
nos levar a bom porto, e certamente se assim fosse estaríamos todos a remar no
mesmo sentido, nos estarem a levar para um caminho para o qual não pretendemos
ir… Neste momento pergunto-me mesmo, quem desejará esta situação? Qual serão as
motivações destes supostos governantes?
Em termos de teoria politica até se
compreende que esta corrente politica, atualmente no poder, tenha a intenção de
eliminar o estado, na realidade mesmo todo o estado. Assim, o que hoje
conhecemos como estado (seja ele social ou outra coisa qualquer) tende a
desaparecer, e ser substituído por uma máquina registadora (finanças) que irá
cobrar aos contribuintes, e por um conjunto de empresas privadas (geridas por
estes atuais governantes ou os seus “amigos”) que irão desempenhar determinados
serviços, mas com uma qualidade inferior, a um preço mais elevado, e sempre
garantido, ou pago diretamente pelo utilizador, ou no caso de não ser
suficiente para obter o nível de lucro pretendido, adicionando-lhes algum do
valor cobrado em impostos…. E assim teremos o serviço público….
Teoricamente todas as "teorias" são boas… se
tivermos os privados a competir entre si para fornecer um serviço, normalmente
este tenderá a ser mais eficiente, de melhor qualidade, e mais barato… mas é
preciso que não exista monopólio, independentemente de este ser de uma ou de
várias empresas, porque exemplos que temos neste pais é que não faltam (gás,
eletricidade, telecomunicações, combustíveis… tudo mais caro que na restante
Europa mais rica).
Quando os serviços são geridos pelo estado
a tendência, segundo os teóricos do “tudo privado” é para que os serviços sejam
burocráticos, de menor qualidade, com mais desperdício… talvez, mas isto porque
a maior parte dos gestores públicos são escolhidos para desempenharem
determinadas funções porque apresentam um cartão de uma determinada cor (que
varia de acordo com as tendências temporais de governação), e não pelas suas
boas qualidades no desempenho de funções de gestão. Tudo isto acaba por levar a
uma produtividade negativa, e acima de tudo uma imagem menos positiva. Agora,
que se desenganem aqueles que justificam que tudo melhor com a passagem para os
privados… tem gasolina mais barata com uma Galp privada? E eletricidade? E Gás
(aqui houve um aumento brutal no última ano, mas parece que ninguém dá conta…)?
E as águas? Pergunte-se aos municípios mais a norte que optaram pela
privatização dos serviços, será que estão mais satisfeitos? Têm mais qualidade?
O serviço é melhor? O valor a pagar é justo?
Existe muita coisa que necessita de ser
mudada, porque todos temos de contribuir para que o pais tome um rumo mais condizente
com as suas necessidades. Não me parece é que as necessidades dos Portugueses
sejam aquelas que estão a ser as opções politicas que estão a ser tomadas. É
certo que existia a necessidade deste tal ajustamento, mas o mesmo deveria ter
sido feito de forma a abranger todos e não apenas uma parte da estrutura do
país. Não faz sentido que contratos com entidades bancárias, altamente lesivas
para o estado, estejam dependentes de uma negociação, que apenas vai até onde
estas entidades pretendem, ou seja, o lucro, enorme, continua lá, será é
tratado de forma diferente. E os cidadãos, aqueles que votam, que podem
escolher, quem negoceia com eles as opções que são impostas? Pois, aí não há
forma de negociar, é mesmo para impor.
Custa por vezes, e nesta altura
especialmente, ver aqueles 20, 30 ou mais % da população que continuam a
apoiar, ou pelo menos a dizer que votavam neste governo, qual adepto de um clube
de futebol, que nunca muda, porque é assim… mas aqui não é simplesmente assim,
é algo que nos afeta a todos, e as nossas convicções devem ser sempre ajustadas
no sentido de irmos ao encontro daquilo que poderá melhor satisfazer os nossos
anseios enquanto sociedade (embora neste caso deveria haver ainda um espírito
critico e de avaliação, por forma a validar as verdades e as mentiras que um
politico é capaz de transmitir).
A greve dos professores, que fez todo o
sentido, e fez mais ainda numa data que causou algum dano, porque a
responsabilidade desta greve é na mesma proporção do governo, que impõe as suas
politicas, sem quaisquer cuidados com aqueles que está a prejudicar, como dos
participantes que lutam por algo que julgam ser o mais adequado para si. Quem é
que vai sustentar as famílias daqueles que irão ser despedidos (ou que foram
despedidos)? Os amigos do nosso primeiro ministro, que lhe souberam dar os
cargos que tão bem desempenha?
Confesso que me indigna de forma extrema a
mentira descarada que esta classe politica tem vindo a presentear-nos. Com um
bocadinho de dignidade, uma pessoa minimamente correta não estava à espera para
ser demitida, automaticamente ia à sua vida, porque em consciência não estava a
fazer aquilo que tinha prometido ao seu povo quando o elegeu.
Mas onde está a dignidade do nosso primeiro
ministro? E a legitimidade? Será que eu posso prometer tudo, a toda a gente que
votar em mim, para um qualquer cargo, e depois de ser eleito fazer tudo o
contrário? Tenho legitimidade?
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